terça-feira, 5 de outubro de 2021

O Homem-símio na Era Neo-moderna


por Davi M. Simões 

As mentes incultas subestimam o poder de um livro influenciar o mundo. Quem pode negar o estrago feito por determinadas correntes “filosóficas”? Quem pode negar o estrago causado por pensadores como Lutero, Espinoza, Darwin, Marx, Nietzsche, Freud, Einstein, Kelsen, Marcuse, Foucault etc? Em sua maioria judeus – ou filo-semitas – e materialistas militantes? A carne sempre falará mais alto que o espírito, por isso qualquer cosmovisão que desperta os piores instintos, geralmente travestida de sistema filosófico, alegando resolver as maiores aporias, é per si a espuma do mar da erudição, inapta e inepta para se banhar no oceano que é o conhecimento antigo e medieval. 

Ideias como a evolucionista, que é somente uma teoria (anticientífica, como a teoria de gênero, entre outros nonsenses modernos) inválida no campo empírico, não passam pelo crivo da lógica mais básica. Na lógica, o perfeito não sai do imperfeito, o complexo não sai do simples, a não ser que consideremos o progresso contínuo e indefinido da raça humana, uma condição irreversível que gerará no futuro um super-homem tão “evoluído” que “a distância entre o homem e seus parceiros inferiores será maior, pois será o mediador entre o homem num estado ainda mais civilizado, esperamos, do que o caucasiano, e algum macaco tão baixo quanto o babuíno, em vez de, como agora, entre o negro ou o australiano e o gorila.” (Charles Darwin). Em verdade, pela lógica, o macaco seria um homem degenerado, involuído, algum tipo de hominídeo que atrofiou e perdeu a razão. Isso é mais fácil de acontecer, talvez o macaco seja o prenúncio do que será o Homem em poucos séculos se continuar no ritmo que caminha. A evolução planetária é um axioma, ninguém contesta que os filósofos da antiguidade são retrógrados, “caretas” e “passados” ao ponto de merecerem ser ostracizados. 

O Homem neo-moderno se identifica tanto com o macaco que está cada vez mais parecido com ele. Esse Homem, no que lhe sobrou de humanidade, vivendo em uma sociedade que mais lembra uma savana, onde todos se devoram, a força é a lei e o diálogo é impossível, se percebe tão aparentado com os animais que chega a trata-los como humanos. “Em um mundo onde o homem é tratado como animal, o animal será tratado como homem.” (Roger Scruton). É o ápice da decadência? Creio que não. Há ainda muita coisa por vir e eu não quero estar vivo para ver. É triste assistir ao Homem desfigurado e enlouquecido. São tantas camadas de mentiras, que a mente inculta e profana repete ideias de “filósofos” que nunca ouviram falar, pensando serem originalmente suas.

De um lado toda a massa amorfa pensando que o errado é o certo, já que é assim que seus sentidos e sentimentos percebem o mundo, em detrimento de sua razão e lógica. De outro um pequeno número de homens, que superam seus impulsos e conhecem a verdade – que é recebida como delírio –, entrincheirados. A trincheira é primeiramente os momentos de contemplação, e segundamente o dia-a-dia, quando andamos entre animais selvagens prontos para nos abocanhar, nos enganar com sua astúcia de raposa e sua língua bifurcada de serpente. Uma ordem “pós-moderna” seria uma benção, significaria que a modernidade estaria superada, mas ela ainda não chegou ao seu cúmulo. 

O comportamento do católico diante da neo-modernidade deve ser de oração e de desprezo. O desprezo ao mundo, agredindo o pecado, é a única forma de entrar na Morada Celeste chutando a porta, sem deixar, obviamente, de cultivar a piedade pelos pecadores, todas essas almas perdidas e perturbadas, mais vítimas que culpadas, influenciadas diretamente pelos anjos caídos com suas falsas religiões e doutrinas filosóficas e políticas (como cria Carl Schmitt, toda ideologia é uma religião política, pois é resultado de conceitos teológicos secularizados). O mundo é puro ódio e violência, mas nosso ódio deve ser santo e nossa violência contra o erro, não contra pessoas.

Contudo, como tratar alguém como próximo, quando não é mais tão próximo assim? Deveria eu aplicar o princípio da dignidade humana aos primatas? Talvez aí esteja toda a sua dignidade, o homem não é mais sua honestidade, sua lealdade, seu sacrifício, seu esforço em acumular virtudes... sua dignidade está em ser um macaco evoluído.

Tenho piedade do homem que segue as últimas tendências intelectuais irradiadas da ordem global, tanta piedade que só posso trata-lo como se trata os doentes mentais, os viciados e os suicidas. O homem-símio se lançou ao abismo sorridente e alegre, e somente me resta, com misericórdia, cruzar os braços e lamentar sua estupidez.

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