quinta-feira, 14 de março de 2019

Pela Preservação do Estilo Hispânico


por Davi M. Simões

Como bem ensinou Manuel Garcia Morente: “la hispanidad es um estilo”. Ele diz ser um estilo que denota elegância, grandeza e indiferença perante a morte, que não seria o termo, o pôr do sol, mas a aurora, o começo da vida eterna. Porém é mais fácil dizer o que a hispanidade não é: não é raça, língua ou território. E não é europeia nem moderna. 

A hispanidade é (e nisso estão todos os hispanistas de acordo) o resultado da Civilização Romana que atinge o seu esplendor na Reconquista. E, segundo Morente, a figura que melhor representa esse “estilo” é o cavaleiro cristão: “los siglos de Reconquista han impregnado de religiosidad hasta el tuétano el alma del caballero cristiano; infundiéndole, además, la convicción de que la vida es, en efecto, lucha; la lucha por imponer a la realidad circundante una forma buena, una manera de ser excelente, que por sí misma la realidad no tendría. El caballero cristiano es, pues, esencialmente un paladín defensor de una causa, deshacedor de entuertos e injusticias, que va por el mundo sometiendo toda realidade – cosas y personas – al imperativo de unos valores supremos, absolutos, incondicionales.” 

Constitui a Hispania a síntese de várias civilizações e, por sua geografia privilegiada (bicontinentalidade) e tradição pré-moderna, se aproxima mais da África de Tertuliano e Santo Agostinho, que da Europa da “Paz de Vestfália”. 

Hispania protagonizou o acontecimento na história que teve par somente com a chegada do Homem à lua: a travessia dos oceanos para a conquista de novas terras, formando o maior império já visto, expandido pelas lanças dos “terços”, o exército mais temido da época. 

A hispanidade em sua forma mais pura, sem os estrangeirismos liberais ou socialistas, que nos legaram os caudilhos e as revoltas indigenistas, é a expressão máxima da Contra-revolução e dissente do nacionalismo, geralmente sintoma de um naturalismo infantil (enaltecedor das forças naturais como o território e a raça). 

A Civilização Luso-tropical participa da hispanidade, e, como nação monárquica, é nossa a missão de liderar a América do Sul contra o jugo de culturas alógenas que tentam nos impor sua influência e inculcar seus valores degenerados, como sistematicamente faz a América do Norte, nascida sob a égide do protestantismo mais judaizante.

A fundação da Terra de Santa Cruz é luminosamente representada na pintura “a primeira missa” de Victor Meirelles e alguns dos nossos tipos nacionais bem retratados nos quadros de Almeida Júnior, Raimundo Cela e Vasco Machado. Mas ao procurar um símbolo que resuma a Hispano-américa, a imagem que logo vem à mente é a de uma obra de arte oriunda da eternidade: Nossa Senhora de Guadalupe, a Virgem de feições mestiças, que com suas vestes indígenas converteu massivamente a população nativa. Eis aí a hispanidade: um estilo de vida que se enquadra e se amolda onde for preciso a Fé ser manifestada, sem limites territoriais, assimilando raças e culturas.

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