segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Programa Patriótico


por Davi M. Simões

Patriotismo é amor, devoção, reverência à Pátria, ao Povo, seus símbolos e seus antepassados. Nossa Pátria brasileira não se iniciou em 1500, a Terra de Santa Cruz tem sua gênese em Ourique, e sua vocação é dar continuidade ao espírito lusitano. As Cinto Quinas representam, em verdade, o Cruzeiro do Sul; e nossa raça, bem como a forma de encarar a vida, são muito portuguesas, com seus vícios e virtudes.

A brasilidade se encontra inserida na portugalidade, e a portugalidade, por sua vez, inserida na hispanidade, como círculos concêntricos. Não dirijo este manifesto a outros, senão aos patriotas luso-brasileiros.

O patriota luso-brasileiro entende a Ibéria como Christianitas Minor, quer preservar sua cultura latina e expandir a Reconquista iniciada em Covadonga. A localização geográfica de Portugal é bicontinental, mas sua cultura pré-moderna é fruto da Civilização Europeia, a Cristandade.

O patriota luso-brasileiro é católico. Porém católico não por ser patriota, e não haver Portugal sem a Igreja. Mais, é patriota por ser católico. Ele não acredita que cada “civilização” deve possuir sua religião tradicional, mas que o catolicismo é a única Religião verdadeira da qual todas as nações devem se curvar. Cristo é o Rei do universo e, por isso, Rei de todos os reis da terra.

O patriota luso-brasileiro deve execrar as três principais revoluções, frutos da modernidade, desencadeadas pelas três principais revoltas que irromperam em atos de terror e assassínios conduzidos pela turba mais vulgar, e que aceleraram o inevitável processo de decadência. A saber: a revolta contra a Igreja, em sua pseudo-reforma protestante; a revolta contra Cristo, em sua revolução francesa; e a revolta contra Deus, em sua revolução russa. A próxima revolução é morosa e está em curso, será cultural, tribalista e verde, com um culto místico e esotérico à natureza.

Dessas revoluções nasceram a degradação da política, com o estado laico; a degradação do Direito, com o positivismo; a degradação da economia, que é bífida, com o individualismo e o coletivismo; e a degradação da Religião, com o Concílio Vaticano II.

As ideologias são mitos religiosos e “religiões políticas” (Eric Voegelin). Para uma ação política eficaz é válido buscar inspiração em governos patrióticos do passado, mas sem cair no saudosismo imobilizador. O estado (seja monárquico ou republicano) deve se identificar com a Pátria, e o seu tamanho dependerá do fato de ser confessional ou não.

É possível encontrar um germen de verdade em cada uma das três maiores ideologias. Do liberalismo, se deve preservar a economia de mercado. Um estado organicista, defensor da Religião e dos interesses do seu Povo, salvaguardaria as empresas estratégicas, não as submetendo a especulação financeira internacional. Também estimularia as pequenas, médias e grandes empresas nacionais, desde que estas ofereçam bens e serviços iguais ou melhores que as estrangeiras. E cobraria pesados impostos das indústrias erótica e pornográfica, com o intuito de coibi-las. A propriedade privada e o direito de herança seriam protegidos, em nome da sobrevivência do trabalhador e perpetuidade da família. A livre iniciativa seria encorajada por uma maior desburocratização.

Do socialismo, se deve preservar a justiça social. Haveria um atuante ministério do trabalho com leis e direitos trabalhistas, sem onerar os patrões. Seriam idealizados e exaltados o trabalho na terra e o modo de vida do homem simples do campo, símbolos de cultura e tradição. A agricultura, pecuária, aquicultura e silvicultura seriam os ramos que melhor se beneficiariam com investimentos em uma imponente industrialização. Privilegiar-se-ia o cidadão autóctone.

E do fascismo, o corporativismo contra a partidocracia. O liberalismo político vê cada “cidadão” como uma unidade votante, onde a “soberania” vem da vontade da maioria, portanto o voto de um homem virtuoso e letrado vale o mesmo que o de um viciado tolo, menosprezando assim as desigualdades naturais. Seriam rechaçados os partidos e o conceito de classe social marxista, e ressurgiriam as classes profissionais, de forma horizontal, sem se submeterem ao estado e que não dependessem dele. São os corpos intermédios, não as “constituições escritas”, os autênticos representantes do Povo. As corporações, entidades de classes, não são concessões, mas nascem espontaneamente, elas garantem ajuda mútua entre aprendizes e mestres, e o controle de qualidade dos produtos. Corporações compostas por patrões e empregados desestimulam as greves e os oportunismos de agitadores subversivos.

Seria função dos pais a educação patriótica dos filhos e apenas completada pelo estado, que erradicaria o analfabetismo e lecionaria o catecismo às crianças. Uma instrução correta se baseia na contemplação do que é bom, belo e verdadeiro, e seu objetivo não é “conscientizar”, nem preparar revoltados sociais, mas formar o caráter. Mister é abdicar do legado das “reformas pombalinas” com suas escolas sem Deus e decretar São José de Anchieta como verdadeiro patrono da educação brasileira. Os silvícolas seriam responsabilidade do Estado para que, civilizados e catequizados, abandonem o abuso de álcool, que é endêmico em suas tribos, e as práticas infanticidas.

É preciso, evitando o reacionarismo, deixar de desconfiar da industrialização. Notório é que com o mercantilismo houve uma precarização das condições de trabalhado, que foi atenuada graças às conquistas na área social. Mas até o momento já passamos por várias industrializações (que vêm desde a prensa móvel, motor a vapor, luz elétrica, automóvel, avião, rádio, televisão, computador até a energia nuclear etc.), o próprio uso do celular com internet é um exemplo (é impossível prever o que ainda pode ser criado). A vida das pessoas jamais foi tão confortável. Saibamos utilizar essas ferramentas em prol do aprimoramento físico, moral, intelectual e pelo bem comum. E também da guerra, uma Pátria forte deve possuir seu arsenal bélico e nuclear próprios, para fazer frente ao multiculturalismo, defender sua mundivisão e demarcar sua independência frente as nações que querem nos dominar.

Em âmbito internacional, um governo patriótico deve evitar se submeter às organizações supranacionais e preferir as relações bilaterais. E caso necessária uma “constituição escrita”, que seja sintética, inspirada na Lei Eterna e se coloque acima dos tratados internacionais, evitando qualquer influência trans-constitucional no ordenamento jurídico. O propósito máximo do globalismo é a homogeneização e deve ser combatido.

Lembremos como maior patriota o santo Nun’Álvares, que antes de cada batalha osculava o solo de sua Terra. Nunca olvidemos seu amor e sacrifício por Portugal e pela Igreja. Ele que foi um monge guerreiro, devoto de São Jorge e Santa Maria. E como ele sejamos virtuosos e, arrastando nossos patrícios pelo exemplo, cultivemos no dia a dia a sobriedade, a pureza e o desapego.

Nenhum comentário:

Postar um comentário