sábado, 16 de fevereiro de 2019

Por Que Sou Tradicionalista


por Davi M. Simões 

A vida sobre a terra é milícia. Sou antes de tudo um Soldado de Cristo, portanto Católico e Tradicionalista. Ser Católico é amar a Nosso Senhor, Sua Mãe e Sua Esposa a Santa Madre Igreja encabeçada visivelmente pelo Papa, aceitando seus dogmas sem contestar e apoiado em seu tripé: Tradição, Escritura e Magistério. Ser Tradicionalista é combater o modernismo (rompimento radical com a Civilização Cristã, iniciado pelo humanismo e o renascimento) e suas revoluções.

Creio firmemente que tudo o que não é Católico deve ser eliminado, inclusive com o uso da violência. A conversão dos bárbaros por meio da admoestação é a atitude recomendável, mas não sendo possível entre pecadores obstinados, que o suplício da forca e o fulgor terrível das fogueiras sejam aplicados.

Amo minha Pátria, sou regionalista e tento preservar a tradição dos maiores que me antecederam, até onde suas crenças não se choquem com a Santa Religião. Rechaço o nacionalismo, por ser revolucionário e soberanista, e o separatismo, fomentado por gente de convicções liberais.

Sou filho de uma cultura popular predominantemente medieval (de poetas trovadores, guerreiros do mar e cavaleiros da Caatinga), onde a mentalidade revolucionária só se impregnaria tardiamente, após já ter feito estragos na Europa (na Alemanha, com o protestantismo, e na França, com o jacobinismo). 

Em primeiro lugar hispânico e em segundo lugar americano. De Portugal à Espanha, da Califórnia à Patagônia, e até na África e no Oriente, somos um povo conquistador e ainda preservamos em nosso imaginário a realeza de Dom Sebastião, a intrepidez de Amadis de Gaula e a lucidez de Dom Quixote. 

Monarquista, anti-constitucionalista, anti-parlamentarista (o parlamentarismo inglês é um modelo que nos é estranho), autoritário (não totalitário divinizador do estado), municipalista e corporativista. A preservação da família (cellula mater da sociedade), do município (cellula mater da nação), das corporações de ofício (verdadeira representação das classes) e da propriedade privada devem ser a prioridade de um regime integral, orgânico e realmente democrático. 

Uma constituição escrita, como um contrato impositivo de baixo para cima, não passa de uma monstruosidade despótica, idealizada, mas nunca integralmente seguida, onde os déspotas são os legisladores. “A justiça não é suscetível de se amoldar a fórmulas escritas, e toda lei escrita revela-se injusta na sua aplicação. Isso porque o mundo dos homens, ao qual deve se aplicar o direito, está em perpétuo movimento, ao passo que a lei é rígida.” (Michel Villey). Uma constituição deve ser consuetudinária. 

O Direito é aquele que não é nem fruto da legalidade (geralmente confundida com legitimidade) e nem fruto da razão, mas busca alcançar a máxima justiça, mesmo se necessária a desobediência civil. A Lei Natural é inerente a todo homem que acredita ser preciso submeter seus sentidos e instintos à natureza, e o Direito Natural é imutável alicerçado na metafísica.

A liberdade negativa (ausência de restrição) kantiana é um voluntarismo bárbaro que não consegue coexistir com a moral. E o desprezível e ditatorial conceito de humanidade é absurdo para todo aquele que ama sua herança ancestral. Em oposição a essa perspectiva, me enquadro orgulhosamente como um “ser desumano” que prioriza os deveres aos direitos, contra uma humanidade horizontalizada.

A Tradição (com “T” maiúsculo) repudia o progresso e o regresso, se afirmando em busca de uma ética da pessoa, combatendo o individualismo atomista e a coletivismo massificador.

Sigo o arquétipo do cavaleiro medieval, como foi São Jorge, El Cid, Nun’Álvares e outros heróis da Fé. Sendo São Francisco de Assis o mais agressivo e violento de todos, porque sua espada era a Verdade, e seu palafrém o próprio corpo, que ele domava com rédeas curtas.

Inspira-me como ideal-mor os templários, me encanta sua história e me atrai sua Regra. Obediência (entrega da própria vontade a Deus), pobreza (de bens e de espírito) e castidade (sem perder a virilidade) são os votos obrigatórios de qualquer soldado-monge moderno.

Venero a figura providencial de Dom Marcel Lefebvre, que combateu como cruzado o herético e cismático Concílio Vaticano II. Sem ele e sua Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX), não teríamos a Graça de continuar recebendo os verdadeiros sacramentos e a Sã Doutrina não seria mais ensinada em alguns (embora poucos) seminários.

Não creio na Santa Sé vacante, considero tal ideia uma das piores heresias, pois se a Cátedra Petrina estivesse vaga, não haveria o corpo (a Igreja), uma vez que não há corpo sem cabeça (o Papa). Deus envia maus governantes para que o povo pague pelos seus pecados. Quem adota o sedevacantismo como posição teológica entrou em desespero e perdeu a confiança na Providência.

A restauração da Doutrina bimilenar se fará com um Papa que anatematize e anule o Concílio Vaticano II, prestando o juramento anti-modernista de São Pio X. E a restauração da Cristandade quando as nações declararem Cristo como Rei (na esfera privada e pública), pois o Reino dos Céus não é uma democracia, mas uma monarquia autoritária: não entra quem quer, mas quem merece.

Para finalizar, “a tradição é a democracia dos mortos” (G.K. Chesterton) e precisa ser preservada com o enfrentamento da modernidade de forma intransigente, intolerante e fanática, como bem ensinou Alfredo Pimenta: “os transigentes, os tolerantes, os indiferentes são lesmas e covardes. Só é fanático, intolerante e intransigente quem está convencido que é portador de verdade. A tolerância, a transigência, a indiferença são estados próprios de quem duvida, hesita e não se sente muito seguro da posição que ocupa. Têm-me acusado muitas vezes de fanático, intolerante e intransigente. Sou-o quanto pode sê-lo quem vive num século desvirilizado, essencialmente burguês, materialista e cético, e percorreu as sete partidas do mundo da cultura à procura da verdade nova, para só encontrar verdades falsas, à busca desinteressada do Sol e só encontrou crepúsculos frios. Quando voltei, desiludido, à minha tenda levantada no meio do tumulto, verifiquei que a única solução acessível às minhas inquietações e angústias era a tradição.”

Viva Cristo Rei!

Viva Maria Santíssima!

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