segunda-feira, 30 de abril de 2018

Apologia à Castidade


por Davi M. Simões

A castidade é tão importante para o catolicismo, que dois mandamentos do Decálogo tratam da matéria: o sexto e o nono. 

Ao criar o homem e a mulher Deus ordenou que crescessem e se multiplicassem. Segundo a ordem natural o ato sexual tem como finalidade a reprodução, reservando Deus o orgasmo como prêmio à fidelidade matrimonial. O matrimônio não visa a satisfação pessoal de qualquer das partes, mas é uma tarefa de muita abnegação, que transforma homem e mulher em uma só carne, dando aos mesmos a possibilidade de povoar o mundo com um ser ainda melhor e mais aprimorado em caráter e continência, modéstia e virtudes. Embora, dependendo do caso, a castidade possa representar uma atitude egoísta, o mesmo acontece com o matrimônio, se vindo de um desejo exagerado e desordenado. 

O celibato é uma vocação, uma condição reservada aos ainda não casados e aos que fizeram voto de castidade. Também os homossexuais são chamados ao celibato, caso não consigam deixar a prática sodomita. Deus antes de ser bom é justo, por isso ele perdoa nossos pecados, mas desde que nos arrependamos. Vemos uma clara inversão do clero progressista ao omitir a importância do arrependimento e crê-lo desnecessário até mesmo no sacramento da confissão, onde se costuma dar conselhos mundanos e libertinos sem base teológica e estranhos inclusive ao catecismo modernista de 1992, que é displicente em questões capitais. Nosso Senhor Jesus Cristo não veio aos bons, nem aos puros, Ele veio aos sujos e proscritos, aos perdidos e insensatos. Ele ama os sofredores, mas desde que Lhe peçam perdão! No caso dos esquerdistas, que possuem o monopólio da bondade, da pureza e da inteligência, nada disso é preciso, Deus em nada os proíbe e já lhes garantiu os Céus. 

Um matrimônio só pode ser dissolvido em caso de adultério, pois o Homem não deve separar o que Deus juntou. O concubinato e a fornicação são malvistos por Deus, e quem os pratica está em pecado mortal, que se caracteriza pela desobediência a qualquer mandamento do Decálogo. Como disse São Luís Maria de Montfort, “há menos eleitos do que se pensa, só os corajosos e os violentos arrebatam o céu de viva força; ninguém será lá coroado se não houver combatido legitimamente, segundo o Evangelho, e não segundo a moda.” (...) “Estes pertencerão ao pequeno rebanhozinho que segue Jesus Cristo em lágrimas, em penitências, em orações e em desprezo do mundo.” O vislumbre de uma união com Deus só é possível a quem segue os Dez Mandamentos, infringi-los acarreta a punição eterna! 

Posto isso, dito e repetido palavras que provavelmente causam ojeriza a qualquer hedonista moderno, criatura do livre exame protestante, da religião fundada pelo depravado sexual e adestrador de primatas, o judeu Sigmund Freud, do Maio de 68 e da revolução sexual do também judeu Herbert Marcuse, quero afirmar que o católico combatente, integrante da Igreja militante, possui uma cosmovisão vertical e transcendente inalcançável aos pensamentos da moda, fincada na rocha que é a Tradição bimilenar, síntese da dialética entre a Revelação dos semitas e a filosofia dos jônios, e vê o mundo, ao contrário do progressista com seu “progresso contínuo e indefinido”, sofrer um vertiginoso processo de decadência que é imparável! O tradicionalista percebe que, pelos sinais da história, muito em breve o que atende pelo nome de “ser humano”, rastejará como um animal repulsivo, escravizado irremediavelmente pelos sentidos, como cadela no cio. O que hoje se chama “Homem”, é um ser que dorme, que mendigando liberdade e vociferando por direitos nada mais faz do que comer o próprio vômito. Todos opinam, as bocas se mexem, mas só se escutam grunhidos. A internet democratizou a barbárie, mas nada se extrai de lógico, consistente e relevante dos cérebros entorpecidos pelas promessas kantianas de paz e felicidade universais. “Não somente todo mundo dorme” – disse Léon Bloy – “mas de tanto dormir, todo mundo tornou-se cego, mesmo em seus sonhos, de modo que só poderia despertar às apalpadelas, com um medo horrível de ser subitamente precipitado nas profundezas.” O “peregrino do absoluto” também constatou o que bem percebem todos os justos: “É aterrador pensar que subsistimos em meio a uma multidão de mortos que parecem estar vivos; que o amigo, o companheiro, talvez o irmão, que vimos pela manhã e que reveremos à noite tem apenas uma vida orgânica, uma aparência de vida, uma caricatura de existência e que mal se distingue, em realidade, daqueles que se liquefazem nos túmulos.” 

A castidade nos aproxima dos anjos e nos torna deuses. Os anjos, por não possuírem os sentidos, pois são somente Espírito, ou seja, vontade e intelecto, são virtuosos por natureza e não precisaram combater como nós combatemos ao ordenarmos as paixões e submetermos a carne à razão. Homens divinizados, na Vida Eterna, são venerados e respeitados pelos anjos, pois são vitoriosos que passaram por provações impensáveis antes de triunfarem sobre a carne, o mundo e demônio. A castidade não é só a continência sexual, o fim das práticas dos prazeres solitários (onanismo) e da fornicação, mas a pureza de mente e de coração. A continência é a principal virtude do celibatário, que precisa antes controlar a curiosidade, o sentido da visão, a mente, o coração e o tato, nesta ordem. O sentido do tato é o que está diretamente atrelado à sexualidade e precisa ser mortificado (usar o cilício e outras disciplinas é de extrema ajuda). O aspirante ao celibato não pode ter momentos de ócio não criativo, de pura desocupação, necessita estar sempre focado em labores manuais e/ou intelectuais, bem como nunca se encontrar satisfeito e confortável: não comer até a saciedade e dormir somente o imprescindível. O homem superior, que pratica o celibato, não perde a masculinidade, muito pelo contrário, a pureza viriliza seu caráter, o fazendo ainda mais viril que aquele que se submete à matéria, pois ganha a maior das batalhas tornando todos os outros mandamentos mais fáceis, podendo se dedicar mais perfeitamente à outras áreas, principalmente ao aprimoramento físico, moral e intelectual, e à oração. O maior cuidado que se deve ter é de não se ensoberbecer, pois o casto passa a observar o mundo de cima pra baixo, como que do alto de um pico nevado. Em um mundo tão sensualizado, onde tudo é duplo sentido e as relações entre os sexos visam exclusivamente a fornicação e o gozo dos sentidos, o continente se sente realmente liberto e saudável. Mas, primeiramente, devemos confiar em Deus, nunca em nós mesmos, já que as tentações são diárias. 

Foi o amor a Deus e o temor do inferno que fez São Bento resistir aos maus pensamentos pulando sobre espinhos, São Francisco rolando na neve e Santa Clara nunca olhando um homem no rosto. Foi a vontade de união com Deus e o gozo em praticar o ascetismo submetendo a carne, que inspirou os santos a fazerem coisas absurdas aos olhos dos homens sensuais, mas que deveriam ser a obrigação de todo aquele que quer ser alguém melhor. Nossa Senhora, que nasceu imaculada, sempre virgem - pois o puro não nasce do impuro -, deve nos inspirar e iluminar com seu exemplo de total entrega a Deus, juntamente com seu castíssimo esposo São José, guardião da Igreja e homem predestinado, pai adotivo e educador de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Um homem podendo se divinizar só escolhe permanecer homem por tibieza, pois a religião Católica é a mais difícil de seguir sendo pari passu abominável aos olhos dos modernos, que não são muito melhores que moscas à procura de putrefação e dejetos.

“Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". (Santo Atanásio).

6 comentários:

  1. Que maestria e delicadeza que esse texto traz! Ri no trecho em que os esquerdistas já têm um lugar garantido no céu por serem bons, haha.

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  2. Seu texto me ajudou a entender mais sobre a castidade.Obrigado meu caro.

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