por Davi M. Simões
A castidade é tão importante para o catolicismo, que dois mandamentos do Decálogo tratam da matéria: o sexto e o nono.
Ao criar o homem e a mulher Deus ordenou que crescessem e se multiplicassem. Segundo a ordem natural o ato sexual tem como finalidade a reprodução, reservando Deus o orgasmo como prêmio à fidelidade matrimonial. O matrimônio não visa a satisfação pessoal de qualquer das partes, mas é uma tarefa de muita abnegação, que transforma homem e mulher em uma só carne, dando aos mesmos a possibilidade de povoar o mundo com um ser ainda melhor e mais aprimorado em caráter e continência, modéstia e virtudes. Embora, dependendo do caso, a castidade possa representar uma atitude egoísta, o mesmo acontece com o matrimônio, se vindo de um desejo exagerado e desordenado.
O celibato é uma vocação, uma condição reservada aos ainda não casados e aos que fizeram voto de castidade. Também os homossexuais são chamados ao celibato, caso não consigam deixar a prática sodomita. Deus antes de ser bom é justo, por isso ele perdoa nossos pecados, mas desde que nos arrependamos. Vemos uma clara inversão do clero progressista ao omitir a importância do arrependimento e crê-lo desnecessário até mesmo no sacramento da confissão, onde se costuma dar conselhos mundanos e libertinos sem base teológica e estranhos inclusive ao catecismo modernista de 1992, que é displicente em questões capitais. Nosso Senhor Jesus Cristo não veio aos bons, nem aos puros, Ele veio aos sujos e proscritos, aos perdidos e insensatos. Ele ama os sofredores, mas desde que Lhe peçam perdão! No caso dos esquerdistas, que possuem o monopólio da bondade, da pureza e da inteligência, nada disso é preciso, Deus em nada os proíbe e já lhes garantiu os Céus.
Um matrimônio só pode ser dissolvido em caso de adultério, pois o Homem não deve separar o que Deus juntou. O concubinato e a fornicação são malvistos por Deus, e quem os pratica está em pecado mortal, que se caracteriza pela desobediência a qualquer mandamento do Decálogo. Como disse São Luís Maria de Montfort, “há menos eleitos do que se pensa, só os corajosos e os violentos arrebatam o céu de viva força; ninguém será lá coroado se não houver combatido legitimamente, segundo o Evangelho, e não segundo a moda.” (...) “Estes pertencerão ao pequeno rebanhozinho que segue Jesus Cristo em lágrimas, em penitências, em orações e em desprezo do mundo.” O vislumbre de uma união com Deus só é possível a quem segue os Dez Mandamentos, infringi-los acarreta a punição eterna!
Posto isso, dito e repetido palavras que provavelmente causam ojeriza a qualquer hedonista moderno, criatura do livre exame protestante, da religião fundada pelo depravado sexual e adestrador de primatas, o judeu Sigmund Freud, do Maio de 68 e da revolução sexual do também judeu Herbert Marcuse, quero afirmar que o católico combatente, integrante da Igreja militante, possui uma cosmovisão vertical e transcendente inalcançável aos pensamentos da moda, fincada na rocha que é a Tradição bimilenar, síntese da dialética entre a Revelação dos semitas e a filosofia dos jônios, e vê o mundo, ao contrário do progressista com seu “progresso contínuo e indefinido”, sofrer um vertiginoso processo de decadência que é imparável! O tradicionalista percebe que, pelos sinais da história, muito em breve o que atende pelo nome de “ser humano”, rastejará como um animal repulsivo, escravizado irremediavelmente pelos sentidos, como cadela no cio. O que hoje se chama “Homem”, é um ser que dorme, que mendigando liberdade e vociferando por direitos nada mais faz do que comer o próprio vômito. Todos opinam, as bocas se mexem, mas só se escutam grunhidos. A internet democratizou a barbárie, mas nada se extrai de lógico, consistente e relevante dos cérebros entorpecidos pelas promessas kantianas de paz e felicidade universais. “Não somente todo mundo dorme” – disse Léon Bloy – “mas de tanto dormir, todo mundo tornou-se cego, mesmo em seus sonhos, de modo que só poderia despertar às apalpadelas, com um medo horrível de ser subitamente precipitado nas profundezas.” O “peregrino do absoluto” também constatou o que bem percebem todos os justos: “É aterrador pensar que subsistimos em meio a uma multidão de mortos que parecem estar vivos; que o amigo, o companheiro, talvez o irmão, que vimos pela manhã e que reveremos à noite tem apenas uma vida orgânica, uma aparência de vida, uma caricatura de existência e que mal se distingue, em realidade, daqueles que se liquefazem nos túmulos.”
A castidade nos aproxima dos anjos e nos torna deuses. Os anjos, por não possuírem os sentidos, pois são somente Espírito, ou seja, vontade e intelecto, são virtuosos por natureza e não precisaram combater como nós combatemos ao ordenarmos as paixões e submetermos a carne à razão. Homens divinizados, na Vida Eterna, são venerados e respeitados pelos anjos, pois são vitoriosos que passaram por provações impensáveis antes de triunfarem sobre a carne, o mundo e demônio. A castidade não é só a continência sexual, o fim das práticas dos prazeres solitários (onanismo) e da fornicação, mas a pureza de mente e de coração. A continência é a principal virtude do celibatário, que precisa antes controlar a curiosidade, o sentido da visão, a mente, o coração e o tato, nesta ordem. O sentido do tato é o que está diretamente atrelado à sexualidade e precisa ser mortificado (usar o cilício e outras disciplinas é de extrema ajuda). O aspirante ao celibato não pode ter momentos de ócio não criativo, de pura desocupação, necessita estar sempre focado em labores manuais e/ou intelectuais, bem como nunca se encontrar satisfeito e confortável: não comer até a saciedade e dormir somente o imprescindível. O homem superior, que pratica o celibato, não perde a masculinidade, muito pelo contrário, a pureza viriliza seu caráter, o fazendo ainda mais viril que aquele que se submete à matéria, pois ganha a maior das batalhas tornando todos os outros mandamentos mais fáceis, podendo se dedicar mais perfeitamente à outras áreas, principalmente ao aprimoramento físico, moral e intelectual, e à oração. O maior cuidado que se deve ter é de não se ensoberbecer, pois o casto passa a observar o mundo de cima pra baixo, como que do alto de um pico nevado. Em um mundo tão sensualizado, onde tudo é duplo sentido e as relações entre os sexos visam exclusivamente a fornicação e o gozo dos sentidos, o continente se sente realmente liberto e saudável. Mas, primeiramente, devemos confiar em Deus, nunca em nós mesmos, já que as tentações são diárias.
Foi o amor a Deus e o temor do inferno que fez São Bento resistir aos maus pensamentos pulando sobre espinhos, São Francisco rolando na neve e Santa Clara nunca olhando um homem no rosto. Foi a vontade de união com Deus e o gozo em praticar o ascetismo submetendo a carne, que inspirou os santos a fazerem coisas absurdas aos olhos dos homens sensuais, mas que deveriam ser a obrigação de todo aquele que quer ser alguém melhor. Nossa Senhora, que nasceu imaculada, sempre virgem - pois o puro não nasce do impuro -, deve nos inspirar e iluminar com seu exemplo de total entrega a Deus, juntamente com seu castíssimo esposo São José, guardião da Igreja e homem predestinado, pai adotivo e educador de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Um homem podendo se divinizar só escolhe permanecer homem por tibieza, pois a religião Católica é a mais difícil de seguir sendo pari passu abominável aos olhos dos modernos, que não são muito melhores que moscas à procura de putrefação e dejetos.
“Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!". (Santo Atanásio).
Excelente texto !
ResponderExcluirObrigado.
ExcluirQue maestria e delicadeza que esse texto traz! Ri no trecho em que os esquerdistas já têm um lugar garantido no céu por serem bons, haha.
ResponderExcluirQue bom que gostou, espero ter sido útil. Um abraço.
ExcluirSeu texto me ajudou a entender mais sobre a castidade.Obrigado meu caro.
ResponderExcluirQue bom que eu consegui levar mais informação para alguém.
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